Contas laranja: o que são e como afetam a segurança financeira

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As contas laranja têm se tornado um problema crescente no setor financeiro, sendo frequentemente associadas a esquemas de fraude, evasão fiscal e lavagem de dinheiro.

Em uma realidade onde transações digitais são cada vez mais comuns, essas contas operadas por terceiros com o objetivo de mascarar a identidade dos verdadeiros responsáveis representam um risco significativo para a segurança financeira de pessoas, empresas e instituições.

Neste artigo, vamos entender o que caracteriza uma conta laranja, quais são os principais motivos para seu uso, seus impactos na economia e, sobretudo, como identificá-las e preveni-las, protegendo o sistema financeiro de atividades fraudulentas e criminosas.

Entenda o que é uma conta laranja

Uma conta laranja é uma conta bancária aberta e operada em nome de uma pessoa ou empresa “laranja” (ou seja, um terceiro), usada para mascarar a identidade de quem realmente realiza ou controla as transações. 

O objetivo é ocultar o verdadeiro responsável, dificultando o rastreamento e viabilizando atividades como evasão fiscal, lavagem de dinheiro, e outras fraudes financeiras.

Essas contas são comumente utilizadas por criminosos e organizações para movimentar valores de forma anônima, transferindo recursos de forma a dificultar a identificação dos envolvidos em atividades ilegais. 

O uso de contas laranja é considerado crime em muitos países, incluindo o Brasil, pois viola leis de segurança financeira e pode comprometer a integridade do sistema bancário.

Como funciona o esquema de laranja?

O esquema de laranja funciona ao utilizar uma pessoa ou empresa como “testa de ferro” para realizar transações financeiras que ocultam a identidade do verdadeiro interessado.

A pessoa que serve de laranja muitas vezes empresta seus dados para abrir contas bancárias ou registrar empresas que, na prática, são usadas por outras pessoas para realizar operações ilegais, como lavagem de dinheiro, evasão fiscal ou movimentação de recursos ilícitos.

O esquema geralmente funciona da seguinte forma:

  1. Escolha do laranja: O responsável pelo esquema encontra uma pessoa que concorde em emprestar seu nome, muitas vezes alguém que recebe uma compensação financeira ou, em casos extremos, pode nem saber que está sendo usada;
  2. Abertura de contas: O laranja abre uma conta bancária ou registra uma empresa em seu nome, mas quem realmente controla as operações é o verdadeiro interessado, que se mantém oculto para dificultar o rastreamento;
  3. Movimentação de dinheiro: O verdadeiro responsável utiliza a conta para receber e transferir valores, com o objetivo de disfarçar a origem do dinheiro. Isso inclui transações entre várias contas para dificultar a identificação das fontes;
  4. Lavagem e ocultação: O dinheiro, em muitos casos, é direcionado para várias contas ou investido em bens, como imóveis, que são revendidos ou transferidos para o verdadeiro dono. Esse processo de movimentação entre contas e ativos cria uma rede difícil de rastrear, ocultando a origem e os beneficiários finais;
  5. Encobrimento de provas: Em muitos esquemas, as operações são registradas e justificadas com documentos forjados ou complexos. O uso de laranjas é ainda mais comum em organizações criminosas, onde esses “testas de ferro” atuam como fachada, sem qualquer ligação direta com os verdadeiros donos.

O esquema de laranja é um crime grave, pois afeta a transparência e a segurança do sistema financeiro. 

Por isso, a maioria dos países possui regulamentações rígidas para identificar e punir o uso dessas contas e transações fraudulentas.

Principais motivos para o uso de contas laranja

Os principais motivos para o uso de contas laranja geralmente envolvem atividades ilícitas ou a tentativa de ocultar a identidade real dos responsáveis, como para lavagem de dinheiro, evasão fiscal, ocultação de bens e ativos, encobrimento de transações e identidade, financiamento de atividades criminosas, fraudes bancárias e de crédito, entre outros.

Em detalhes:

  • Lavagem de dinheiro: Contas laranja são comumente usadas para “limpar” dinheiro obtido de forma ilícita, como em casos de tráfico, corrupção ou fraudes. A conta facilita a conversão dos valores em bens ou em contas com aparência legítima;
  • Evasão fiscal: Contas laranja permitem que pessoas e empresas ocultem rendimentos e transações para evitar o pagamento de impostos. Os fundos são movimentados para essas contas para escapar da fiscalização e reduzir a carga tributária de forma ilegal;
  • Ocultação de bens e ativos: Muitas vezes, contas laranja são usadas para esconder a posse real de bens, dificultando sua localização em casos de investigações, disputas judiciais ou processos de recuperação de dívidas;
  • Encobrimento de transações e identidade: Algumas transações comerciais ou financeiras precisam ser ocultadas para evitar restrições legais ou conflitos de interesse. Contas laranja possibilitam que essas operações sejam feitas anonimamente, protegendo o real interessado;
  • Financiamento de atividades criminosas: Contas laranja podem facilitar o financiamento de atividades ilegais, como tráfico de drogas ou contrabando, pois ajudam a disfarçar as fontes e os destinos do dinheiro, dificultando as investigações policiais e financeiras;
  • Fraudes bancárias e de crédito: Algumas pessoas usam contas laranja para abrir linhas de crédito e adquirir empréstimos ou produtos financeiros sem a intenção de pagar, gerando prejuízos para instituições financeiras e vítimas de golpes.

O uso de contas laranja gera grande prejuízo econômico e contribui para o aumento do crime organizado e da corrupção, motivando autoridades a criar leis e ferramentas de prevenção e detecção mais rigorosas para mitigar esses esquemas.

O que é Pix laranja?

O “Pix laranja” é uma variação do uso de contas laranja, onde o sistema de transferências instantâneas do Banco Central, o Pix, é utilizado para realizar transações fraudulentas ou mascarar a origem e o destino dos valores envolvidos em atividades ilícitas

Esse esquema envolve o uso de contas em nome de terceiros — muitas vezes pessoas que cedem ou têm seus dados usados indevidamente — para enviar e receber dinheiro de forma anônima ou com o intuito de dificultar o rastreamento.

  1. Abertura de contas em nome de terceiros: Contas bancárias são criadas ou acessadas utilizando dados de outras pessoas, com ou sem o consentimento delas. Essas contas passam a ser utilizadas para o recebimento e a transferência de valores por meio do Pix;
  2. Movimentação de dinheiro rápida: Com o Pix, as transferências ocorrem de forma instantânea e podem ser feitas entre contas diferentes em segundos. Esse fator agiliza o esquema, permitindo que o dinheiro passe por várias contas rapidamente, o que dificulta o rastreamento pelas autoridades;
  3. Encobrimento de atividades ilícitas: Como o Pix pode ser feito a qualquer hora e sem necessidade de contato com agências bancárias, é ideal para movimentar grandes somas de forma menos rastreável, disfarçando transações ilegais, como golpes, fraudes, lavagem de dinheiro e financiamento de atividades criminosas;
  4. Dificuldade na identificação: O uso de contas em nome de terceiros dificulta o rastreamento da origem e do destino final dos valores, tornando complexa a identificação dos reais responsáveis, especialmente se o dinheiro passar por várias contas.

Esse tipo de golpe é prejudicial tanto para o sistema financeiro quanto para as vítimas envolvidas. Para combater o Pix laranja, as instituições financeiras e o Banco Central têm reforçado mecanismos de segurança e monitoramento das transações, incluindo inteligência artificial e algoritmos antifraude para identificar comportamentos suspeitos e transações atípicas.

Como identificar e prevenir o uso de contas laranja

Identificar e prevenir o uso de contas laranja é essencial para proteger o sistema financeiro de fraudes e outras atividades ilegais. 

As instituições financeiras, órgãos de fiscalização e os próprios usuários podem adotar práticas e medidas que ajudam a detectar e mitigar esse problema.

Como saber se sou laranja?

Para saber se você está sendo usado como laranja, é importante ficar atento a sinais de uso indevido dos seus dados e contas. 

Algumas indicações podem sugerir que sua identidade ou suas contas estão sendo usadas sem seu consentimento para atividades ilícitas. 

  • Verifique frequentemente o extrato de suas contas para identificar transações desconhecidas. Se houver transferências, depósitos ou saques que você não reconhece, isso pode indicar que sua conta está sendo usada por terceiros;
  • Receber cobranças de produtos financeiros, como empréstimos ou cartões de crédito que você não solicitou, é um sinal claro de que alguém pode estar usando seus dados para atividades financeiras;
  • Se você começar a receber notificações incomuns do banco sobre grandes movimentações, abertura de novas contas ou atividades suspeitas, isso pode indicar que alguém está usando sua conta ou seus dados;
  • Desconfie de solicitações para emprestar seu nome, conta bancária ou documentos para realizar transações financeiras. Pessoas que fazem esses pedidos geralmente querem usar sua identidade para encobrir atividades ilícitas;
  • Ser contatado por autoridades financeiras, Receita Federal ou órgãos de fiscalização com perguntas sobre atividades financeiras que você desconhece pode ser um sinal de alerta.

O que fazer quando você é usado como laranja

Se você acredita que está sendo usado como laranja, caso identifique um uso comprovado e não autorizado dos seus dados, registre um boletim de ocorrência. Esse documento pode ser importante em investigações e para proteger seus direitos.

Além disso, informe o banco sobre qualquer movimentação suspeita. Eles podem ajudar a bloquear a conta e investigar a atividade.

Verificação da identidade (KYC)

Para empresas, o processo de “Know Your Customer” (Conheça Seu Cliente) exige que instituições verifiquem a identidade de seus clientes, coletando dados e documentos, para assegurar que o titular da conta é realmente quem afirma ser. Isso dificulta o uso de terceiros sem consentimento.

Monitoramento de transações repetitivas e pequenas transferências

Esquemas de contas laranja frequentemente utilizam pequenas transferências repetidas para disfarçar a origem do dinheiro. Identificar essa prática pode ser um sinal de alerta.

Análise de conexões entre contas

Transações frequentes entre contas de diferentes titulares, mas com padrões recorrentes de valor e frequência, podem indicar uma rede de contas laranja usadas para lavagem de dinheiro.

Uso de ferramentas de reconhecimento facial e biometria

A verificação biométrica e de reconhecimento facial no momento de cadastro e transações ajuda a confirmar a identidade do usuário, impedindo que terceiros acessem contas de maneira fraudulenta.

Como as contas laranja impactam o setor financeiro e a economia

As contas laranja têm um impacto significativo no setor financeiro e na economia, pois estão diretamente associadas a fraudes, lavagem de dinheiro e outras atividades ilícitas. Esses esquemas prejudicam tanto as instituições financeiras quanto a confiança dos consumidores e o próprio sistema econômico.

Um dos principais impactos é o aumento de fraudes e lavagem de dinheiro. Contas laranja são um método popular para ocultar a origem de dinheiro ilegal, permitindo que o crime organizado financie atividades prejudiciais à sociedade. 

Para o setor financeiro, a presença dessas contas aumenta a ocorrência de fraudes, resultando em prejuízos financeiros consideráveis. 

Os bancos frequentemente precisam reembolsar clientes lesados e investir em medidas de segurança adicionais para proteger suas operações.

Além disso, as contas laranja comprometem a integridade do sistema financeiro. Quando as instituições são utilizadas como veículos para atividades ilícitas, a confiança dos investidores e consumidores diminui, o que pode levar a uma redução no investimento e na participação do mercado. 

A percepção de risco elevado no setor financeiro pode desencorajar investimentos estrangeiros e nacionais, afetando o crescimento econômico.

As contas laranja também podem resultar em maiores custos regulatórios. Os bancos e instituições financeiras são obrigados a implementar sistemas de compliance mais robustos e a realizar auditorias internas para evitar ser associadas a práticas ilícitas. 

Esses custos adicionais podem ser repassados aos consumidores na forma de taxas mais altas e serviços menos acessíveis.

Ademais, a lavagem de dinheiro e o uso de contas laranja prejudicam a arrecadação de impostos, já que os valores ilícitos geralmente não são declarados, resultando em uma base tributária menor. 

Isso pode impactar negativamente os investimentos em serviços públicos e infraestrutura, contribuindo para desigualdades sociais e econômicas.

Por fim, a presença de contas laranja perpetua um ciclo de criminalidade e desconfiança no sistema financeiro. À medida que as fraudes se tornam mais comuns, a sociedade pode perder a confiança em instituições financeiras e em seus mecanismos de supervisão, tornando ainda mais difícil a erradicação desses esquemas. 

O resultado é um ambiente econômico instável, que prejudica tanto o setor financeiro quanto a economia como um todo.

Penalidades e consequências legais do uso de contas laranja

No Brasil, o uso de contas laranja está diretamente associado a atividades ilícitas, como lavagem de dinheiro e fraudes, e as penalidades para quem se envolve nesse tipo de prática são rigorosas.

As penalidades criminais são as mais severas. O uso de contas laranja pode resultar em acusações de lavagem de dinheiro, conforme previsto na Lei nº 9.613/1998, que estabelece penas de 3 a 10 anos de reclusão, além de multas. 

A participação em esquemas de fraude também é penalizada, podendo levar a condenações que incluem penas de prisão e multas elevadas. Mesmo indivíduos que agem como “laranjas”, sem conhecimento das atividades ilícitas, podem enfrentar processos judiciais e ser responsabilizados criminalmente, o que demonstra a gravidade da situação.

As instituições financeiras têm a obrigação legal de implementar mecanismos de prevenção à lavagem de dinheiro, conforme a Lei nº 9.613/1998 e a regulamentação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF)

Caso sejam descobertas facilitando ou ignorando o uso de contas laranja, essas instituições podem sofrer sanções, incluindo multas significativas e restrições operacionais. Além disso, podem ser submetidas a auditorias rigorosas e ser obrigadas a reestruturar seus processos internos para melhorar o compliance.

Outro aspecto relevante é a possibilidade de apreensão de bens. O dinheiro proveniente de atividades ilícitas, movimentado por contas laranja, pode ser confiscado pelas autoridades, e os envolvidos podem perder bens adquiridos com recursos ilícitos. Isso se aplica tanto a indivíduos quanto a empresas que estejam associadas a atividades fraudulentas.

Além das penalidades legais e financeiras, o envolvimento em contas laranja pode impactar significativamente a vida pessoal e profissional dos indivíduos. Registros criminais resultantes dessas atividades podem dificultar a obtenção de emprego e afetar a reputação. Isso também pode levar a um estigma social, dificultando a reintegração à sociedade após a condenação.

Qual a pena para laranja?

No Brasil, como dito, as penas para quem é considerado “laranja” podem variar dependendo da natureza das atividades ilícitas associadas ao uso da conta. Em resumo:

  • Lavagem de Dinheiro: A Lei nº 9.613/1998 estabelece penas que podem variar de 3 a 10 anos de reclusão, além de multas. Mesmo que a pessoa não tenha conhecimento de que está sendo usada como laranja, pode ser responsabilizada se a sua conta foi utilizada para movimentar recursos de origem ilícita;
  • Fraude: Caso o “laranja” esteja envolvido em atividades fraudulentas, como a abertura de contas para encobrir transações ilegais, ele pode ser acusado de crime de fraude, que também está sujeito a penas de reclusão e multas, variando conforme a gravidade da fraude cometida;
  • Responsabilidade Civil: Além das penas criminais, o indivíduo pode enfrentar consequências civis, como indenizações por danos a terceiros, caso tenha participado de esquemas que causem prejuízos a outras pessoas ou instituições;
  • Inexistência de Dolo: É importante ressaltar que, mesmo que o laranja não tenha a intenção de cometer um crime, ele pode ser responsabilizado se for comprovado que ele facilitou a prática de atividades ilícitas. A falta de conhecimento sobre a ilegalidade não isenta a pessoa de penalidades, mas pode ser um fator a ser considerado em sua defesa.

Como a QI Tech pode ajudar sua empresa a evitar fraudes relacionadas a contas laranja

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Equipe Blog QI Tech
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